quinta-feira, 17 de julho de 2014

entrou no mar sem proteção
como se lhe tivessem dado a luz
entregue ao inesperado
daquela imensidão tamanha
que por vezes acalenta
e outras horas estranha
o corpo frouxo
vulnerável
miúdo
solto no ritmo das marés.
sem crer no impossível
aprendeu com os peixes a respirar debaixo d'água
e tantas outras coisas
que estão dispostos a ensinar
para qualquer um que deseja aprender.
ouviu as histórias das tartarugas
e quis semeá-las por toda parte.
as plantas despertaram seus sentidos
e se soube pronto pro mundo
pro inesperado
pra imensidão tamanha.

terça-feira, 15 de julho de 2014

09/06/2014

é bem ali naquele estreito
de difícil precisão
quando se passa duma estação à outra
que moram os tempos migratórios.
é nesse lugar que inexiste aos olhos mais atentos
puro movimento
que os pássaros alçam seus longos vôos.
é dali que vem o impulso
estremecedor.
mas não se voa sem estar pronto
pra se aprontar pelo caminho
tampouco se voa sozinho
de estremecer mesmo é ver o bando rasgando o céu.
baía de sensibilidade artesã
esculpe as pedras da praia da Boa Viagem
imensa e abstrata beleza
convida a imaginação dos passantes
um perfil masculino de duras feições e olhar distante
hipnotiza.
os olhos de pedra passeiam no horizonte
ao passo que se aquece ao sol, recebe a brisa.
seus pensamentos
por onde andarão?
decerto levando os meus pela mão ...


segunda-feira, 7 de julho de 2014

me deixe aqui na minha rede
só um pouco
um pouco só
quero descansar do mundo.
deixe eu me esticar um pouco
e esticar o tempo
que de uns tempos pra cá ficou curto
e pesado que só.
deu hoje no jornal que novas máquinas estão ajudando as pessoas a ganhar tempo.
quero é me perder no tempo
daquele disco bonito do Pixinguinha
das frações de conversas das minhas irmãs
do sabiá que me visita pela manhã.