sábado, 31 de março de 2012

cartola

dançarolando na calçada,
na rua, por entre os carros, rodopiando com transeuntes aquele samba
que o vento espalha por aí.
corra e olha o céu, sente o azul e branco da velha guarda das nuvens.

sábado, 24 de março de 2012

Em desajeitada conversa, a ponta dos dedos se esbarra
leve, mas contundente.
Como bala, o toque dispara percorrendo todo o corpo em arrepio.
A energia de almas
tão opostas 
as atrai.
abstraindo-as do chão, do concreto, das almas semelhantes.
Como animais, se olham, se cheiram, se sentem e a conversa não passa de aparentes grunhidos que só fazem sentido porque saem da boca da alma.
O cheiro do novo instiga fome curiosa!
Espero ser devorada, mas num repente você volta a sua condição de bicho-homem, atormentado pela consciência, e foge acuado, com medo do seu próprio desejo.

sábado, 10 de março de 2012

quando cheia, quase dia, a lua toda-toda lumia.
lumia lá o santo antônio na janela da igrejinha, em meio a cidade minguando na escuridão.
ao meu lado, jovem beijo apaixonado, borra tudo de amor.
eu, descrente do amor e do santo, fico pensando se vale uma última oração.

terça-feira, 6 de março de 2012

é tanta coisa pra pensar que não cabe na cabeça. desceu pro peito.
não é possível desquerer depois de tanto querer. não sei se é vontade antiga ou se é vontade nova, mas vontade é como o rio infinito que não cabe no nosso tempo.
como pode toda essa presença me parecer tão distante? me pego vomitando palavras disfarçadas, mascarando coisas que quero dizer, mesmo sem saber ao certo o que são.