domingo, 31 de agosto de 2014

formigamento.
a pausa
o instante no correr do tempo
anuncia:

subindo e descendo
deslizando nos membros
do centro aos extremos
poesia.

me largo do vil, do bruto do mundo
e a leveza entra em cena

bailando solto
em ritmo todo
poema.


"desenha tuas formas em mim",
pede o papel em voz doce.
assim qualquer bicho amansa
e faz até pausa em andança
por uma noite que fosse.


domingo, 10 de agosto de 2014

noites mal dormidas
remexidas
na companhia dos vultos.

frases à solta no breu.

a boca, trocada
calou quando se pediu a fala
e derramou o inoportuno em palavras.
repetidamente.

a cabeça paga.

todos os irresolutos ao redor da beirada da cama
são pernilongos zumbindo na beirada do ouvido
aguardando impacientes
a resposta pro mundo ainda naquela noite
enquanto tento em vão me esconder nos travesseiros.

apelo pro cosmos:
leva embora o café depois das oito!
talvez dê jeito no meu coração afoito.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

o buraco

a mão que cava em desespero

cava, cava, cava, cava, cava

a crosta preta das unhas

é grotesco
deprimente
delirante
e tudo o que desejo.

me afundo no infinito buraco do meu peito.
quem é você
que só vendo pra crer?
que fez dos olhos reis
de uma cegueira crônica
cego dos ouvidos
nariz, boca e demais sentidos.
cego de qualquer outro olhar.