domingo, 18 de setembro de 2011

Sempre quis ser tranquila.
Acho fantástico pessoas que não se estressam com nada, falam baixo e andam devagarinho.
Às vezes tinha até a impressão de que a minha intranquilidade incomodava não só a mim mas também as outras pessoas, em momentos de euforia, tanto positiva quanto negativa.
Muitas vezes, ao sair de casa, pensava: "hoje vou ficar na minha, tranquila, falar pouco, baixo."
Nunca durou muito. O contato com as pessoas, com o mundo, a inserção nas relações nunca me permitiu esse tipo de reação. Descobri que eu sou a intensidade com que lido com as coisas e isso deixou de ser um defeito, virou identidade. O chorar, de tristeza ou alegria, sou eu. A voz exaltada na empolgação, todo amor que não cabe em mim, a revolta com o mundo que dói o coração e o estômago. Descobri ainda que isso não me torna intranquila, minha tranquilidade vem justamente de saber-me e aceitar-me. A loucura, a constante sensação de incompletude, confusão, caos, intensas sensações nunca poderiam ser expressas em voz serena e passos lentos. Explodiria o eu descompassado.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

esconde-esconde lunar

chegou tão perto que quase tropeço.
entrei na condução e ela, um pouco mais distante dessa vez, veio atrás.
ia na mesma velocidade que o trem, não sei quem conduzia quem.
ahh certamente era ela, com sua luz prateada na janela.
por vezes escondida atrás das árvores, como se me espiasse.
logo depois vinha toda toda, escancarada no céu da cidade.
como que para brincar comigo, que ansiava por admirá-la, se escondia atrás dos prédios e viadutos.
chegava bem perto das casas do topo do morro, como se desejasse compensar tanta desigualdade com a sua presença embalando o sono dos que cedo madrugam.
e quando eu pensava quase poder tocá-la, fui raptada por um túnel, que levou para longe meus pensamentos, para bem além do mundo da lua.

domingo, 4 de setembro de 2011

que belo par!
deveriam casar, o sentir e o pensar.
mas vivem brigando, "essa vida é pequena pra nós dois!"
se juntar, cabe. a plenitude está à distância de um abraço.

sábado, 3 de setembro de 2011

o que é que há?
saudade não é.
amor não é.
tristeza não é.
é pedra no peito, é sentimento não identificado com radar
quando te vê, acorda daquele sono profundo.
passa pela mão que sua, pelo braço que arrepia, pelo coração que bate forte.
todos os órgãos, revoltados, exigem da mente uma solução lógica, racional!
infelizmente, ela nada pode fazer.
fecha os olhos, os ouvidos, se fecha. mas ele está lá dentro e se fechar só impede ele de sair.
"com o tempo passa", ouviu. mas só o que passa é o tempo.