a essa hora da vida
me percebi do avesso
numa falta de fé imbricada na bruxaria que me exalava dos poros.
aí veio o carnaval
o povo todo na rua
de esquina em esquina
armando encontros sobrenaturais.
aí o diabo me apareceu
na derradeira terça-feira
e como quem vem testar minha confiança no cosmos
se entregou a mim sem máscaras.
e eu
sabida de intuições
também me despi das minhas.
cada beijo me arrepiava a espinha!
suas mãos abriam o horizonte do meu corpo
seu coração,
de imensas proporções,
expandia minhas fonteiras
estava entregue inteira
até a surpresa de ter que partir.
eu, que finalmente entendera
a importância de não esperar,
fui arrebatada pelo inesperado.
muda,
senti de tudo
ainda não sei distinguir.
sei que senti amor.
e que ainda sinto.
sei que senti saudade.
e que ainda vou sentir.
há dias quebro a cabeça pra te regalar com parcos versos.
tentei te escrever bonito, mas não saiu.
tentei te cantar o mais belo canto de passarinho, mas ninguém ouviu.
tentei colocar tudo o que sinto em rimas, mas nem a prosa permitiu.
é cedo.
nada sei do adiante
mas confio em nossos passos
se cruzando em outro instante.
se cruzando em outro instante.