quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

por não saber de exato o início
o tamanho desse tempo é mistério.
pelo peso que faz acho que deve ser comprido o bastante
largura de elefante.
o pé arrastado, descalço
num passo em falso
foi fisgado na armadilha
aprisionado na engrenagem
que calcula o tempo exato
que seu braço fraco
leva pra fazer cem pares de sapato.
em outro tempo estava bem
descansado e com a família.
crocodilagem!
pura pilantragem!
cem pares de sapato não valem um quilo de dignidade.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

rap duzíndio na cidade

Saca esse índio maroto
todo escroto
jogado na praça

Olha esse índio malandro
com cara de santo
e fedendo a cachaça

Porque que não volta pro mato
o lugar exato de onde ele veio

E deixa a cidade pro branco
tirar seu sustento e fazer seu passeio

esse cara de cara achata e olho apertado incomoda bastante
talvez seja o peito de aço, a força no braço e a coragem errante.

resiste à miséria, ao racismo
e a toda essa treta de copa do mundo
consegue até rir da desgraça
mas não disfarça o desgosto profundo.

e sente saudade do mato, do rio
da casa, mulher e do tio
mas do mato de um tempo distante
porque o de hoje já está por um fio

no meio de soja e de boi
fica difícil uma vida decente
frente à ameaça constante
como garante
a vida dos parente?

ficar já não pode
voltar já não pode

por vezes bate a maraca
e canta sozinho canto ritual
pra lembrar das lições dos antigos
e tentar manter a sanidade mental

espera o tempo que corre
trampando no sol
de janeiro a janeiro

a poesia da luta diária
presente na vida de um grande guerreiro

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

girls just wanna have funk

ah fala sério, quem eu quero impressionar?
não quero fazer a fina, muito menos conquistar.
quero cerveja gelada
botar o gatinho pra suar

girls just wanna have funk ohhhh girls just wanna have funk!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

o horror há de se transformar em poesia
a ansiedade, o problema, a cabeça pequena há de virar poema.
e quando acontece, espia.
espia que floresce a mais bela cena
brotando de todo caos uma florzinha de açucena.