o ônibus faz a curva na praça da Cruz Vermelha e pára.
na fresta da porta, uma voz miúda pede pra entrar por trás.
antes de abrir o motorista avisa: "podem entrar, mas se fizer bagunça pego os doces todos pra mim!"
vem um atrás do outro, um menor que o outro carregado de bananada, maria-mole, suspiro, pingo de leite, doce de abóbora, cocô de rato.
nem cabe na mão.
silêncio.
passa um tempo, umas risadas, uns cochichos e vem ele
com um punhado de doce na mão esticada pela roleta.
"ô, motorista!"
sorrindo pelo retrovisor o motorista: "quero só a bananada, só a bananada tá bom"
<3