sábado, 27 de agosto de 2011

fora de mim

Não sei se escrevo na primeira ou na terceira pessoa.
O eu parece de fora, como se eu olhasse pra mim de um ponto distante.
Tudo começou ontem. Na verdade, acho que começou a mais tempo, mas ontem o estranhamento beirou o descontrole. Levantei da cadeira do bar, ainda eu, para ir ao banheiro. Ao me olhar no espelho, não me reconheci. Mudei a expressão facial diversas vezes para ver se a sensação de estranhamento se amenizava, mas ela não passou. Resolvi, por aquele momento pelo menos, deixar esse pensamento de lado e voltar à mesa. Durante o tempo passado no banheiro bateu um certo desespero de não conseguir mais voltar pra dentro de mim. No restante da noite a sensação passou, mas hoje voltei a pensar nisso. Sempre me incomodou a sensação de não ser espontânea para mim mesma. Parece que meu eu, pra mim, está sempre sob controle. Esse controle que me parece sempre a imagem que realmente quero passar e não o que realmente sou, se é que existe um realmente ser. Então, naquele breve momento no banheiro, não reconheci a pessoa do espelho. Pessoa que deveria ser, pra mim, a mais íntima de todas. Seria eu ou o eu dos outros? Aí passo a problematizar a próxima questão: como me entregar as pessoas se nem eu mesma sei lidar comigo? Talvez precise passar por uma longa jornada de auto-conhecimento.

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