sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

rap duzíndio na cidade

Saca esse índio maroto
todo escroto
jogado na praça

Olha esse índio malandro
com cara de santo
e fedendo a cachaça

Porque que não volta pro mato
o lugar exato de onde ele veio

E deixa a cidade pro branco
tirar seu sustento e fazer seu passeio

esse cara de cara achata e olho apertado incomoda bastante
talvez seja o peito de aço, a força no braço e a coragem errante.

resiste à miséria, ao racismo
e a toda essa treta de copa do mundo
consegue até rir da desgraça
mas não disfarça o desgosto profundo.

e sente saudade do mato, do rio
da casa, mulher e do tio
mas do mato de um tempo distante
porque o de hoje já está por um fio

no meio de soja e de boi
fica difícil uma vida decente
frente à ameaça constante
como garante
a vida dos parente?

ficar já não pode
voltar já não pode

por vezes bate a maraca
e canta sozinho canto ritual
pra lembrar das lições dos antigos
e tentar manter a sanidade mental

espera o tempo que corre
trampando no sol
de janeiro a janeiro

a poesia da luta diária
presente na vida de um grande guerreiro

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