quarta-feira, 3 de julho de 2013

poesia de rua


o mundo tá brabo, vou te contar.
não sei se paro ou se piro.
cem reais no mercado,
sem reais na carteira.
como come?
e o transporte a hora da morte!
como anda?
melhor parar o trânsito do que parar no trânsito.
junta geral, pinta cartaz, levanta bandeira
e ainda tem gente achando que é pra tudo se acabar na quarta-feira.
pera lá, somos muitos mil na rua e não é carnaval
mas o que não falta é folião perdido nesse bloco
e gente querendo dar enredo pr'esse samba.
contra a remoção,
o 'caveirão',
e a corrupção (?)
hino nacional é só sucesso.
queremos ordem e progresso?
e a Globo mais uma vez cobrindo a festa da democracia brasileira
mas sem partido e sem bandeira.
bandeira só se for verde e amarela,
vermelho oportunista tem é que correr de neonazista!
queremos garantir um movimento pacífico!
mas gritos de "sem violência" não comovem a PM
não cortam efeito de gases
não param balas de borracha.
ah, vai tudo pra conta dos vândalos, relaxa.
infelizmente o efeito não é só moral
brasileiro e baderneiro, no meio da fumaça, é tudo igual.
só preto, pobre e favelado tem exclusividade
na Maré a bala é de verdade.
no meio de todo esse caos
sinto falta de soneto e calmaria
mas sei que meu lugar é na rua
assim como o da poesia.
e não é de todo mal como parece,
ainda que pra alguns soe otimista,
no fundo do peito ainda acredito
na luta por um mundo comunista.

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