é quase dezembro
o calor me lembra aquelas férias
me refugio nas marquises
escassas
enquanto meus passos
se perdem
a caminho da estação
por uma viela estreita
desemboco no teu corpo
nu da cabeça aos pés
na mais pura ligação com o tudo mais
percorro sem pressa
teus becos
teus recantos escondidos
paraísos e infernos
perdidos
o cheiro doce
a barba espessa
os olhos de um amor melancólico
meu peito colado no seu.
palpitamos em sintonia.
em princípio um forró acalorado
axé suado
até o gozo abafado
no travesseiro
termina valsa
de despedida
de fim de festa
acabando de súbito
em embriaguez desmedida
com a doçura da seresta.
recordo em detalhes
o conforto dos teus braços
ao redor de mim.
adormeço acordada.
somos quentura gostosa
somos noite de verão
mas a dor evapora
quando o tempo é quente
e à certa hora
como já se sabe
não escapamos
da força da torrente.
meus olhos inundados
embaçados
não tenho mais volta.
o corpo cansado
envelhecido
sem sentido
sento no meio fio
e choro
choro
choro sem parar
deságuo nas curvas de um rio
que ainda não sei navegar.
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