sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

"É assim", ando dizendo pra mim.
ando dizendo pouco
canto mais
olho mais
e meu ouvido
só anda agudo
pro que não é palavra

encaracolizei

me arrasto sem pressa pelo centro
deixando um rastro de gosma por onde passo.
me esquivo com destreza
e gozo os discretos prazeres da invisibilidade.
passo como alma penada
pela multidão chacoalhada
já em clima de carnaval.

os últimos dias tem sido cinza
de exuberantes nuvens negras no céu
cada sinal do arredor indica tempestade
a chuva
na verdade
já cai tem tempo
em terras mais inóspitas

tormenta
troveja
lava
sobe cheiro de mata molhada

me rega
me alaga
me foram todos os versos nessa enchente.
como nascem, sem luz, os escritos?

solidão não tem rima
ser só é natureza de prosa
é arte em cores nos muros de concreto da cidade.

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