segunda-feira, 23 de março de 2015

eu
a essa hora da vida
me percebi do avesso 
numa falta de fé imbricada na bruxaria que me exalava dos poros. 
aí veio o carnaval
o povo todo na rua
de esquina em esquina
armando encontros sobrenaturais.

aí o diabo me apareceu
na derradeira terça-feira
e como quem vem testar minha confiança no cosmos
se entregou a mim sem máscaras. 
e eu
sabida de intuições
também me despi das minhas.

cada beijo me arrepiava a espinha!

suas mãos abriam o horizonte do meu corpo
seu coração,
de imensas proporções,
expandia minhas fonteiras
estava entregue inteira
até a surpresa de ter que partir. 

eu, que finalmente entendera
a importância de não esperar,
fui arrebatada pelo inesperado. 

muda,
senti de tudo
ainda não sei distinguir.
sei que senti amor. 
e que ainda sinto. 
sei que senti saudade. 
e que ainda vou sentir.

há dias quebro a cabeça pra te regalar com parcos versos.
tentei te escrever bonito, mas não saiu. 
tentei te cantar o mais belo canto de passarinho, mas ninguém ouviu. 
tentei colocar tudo o que sinto em rimas, mas nem a prosa permitiu.

é cedo.

nada sei do adiante
mas confio em nossos passos
se cruzando em outro instante.









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