quarta-feira, 29 de junho de 2011

ombreiras

Depois de muito postergar, resolveu arrumar seu armário. Que bagunça! Doía os olhos. Mais ainda, doía a cabeça. Sempre fora uma pessoa desorganizada, preferia assim a viver de forma meticulosamente ordenada. Mas às vezes é preciso tirar tudo do lugar, mudar tudo de lugar, se transportar para outro lugar. Separou tudo que não servia mais para se desfazer. De repente percebeu que podia se desfazer de tudo aquilo. Lógico, existiam algumas coisas mais especiais, mas que eram impossíveis de usar. Era preciso se desfazer dessas também. O que dificultava o processo era saber o quanto é difícil achar roupas, sapatos, pessoas que encaixem tão bem. Podia guardá-las e de ano em ano experimentá-las para ver se voltavam a caber, lembrando dos momentos incríveis e especiais em que estava com ela. Se sentiria bem por uns instantes e logo voltariam a ocupar o canto, ou praticamente metade, do armário. Dessa vez achava melhor abrir espaço para novas lembranças. Depois de ver tudo espalhado pelo chão, pela cama, cadeira, cabeça viu quanto trabalho daria arrumar sua vida. Um amigo riu e lhe disse: “tem bagunças que é melhor não mexer.” Talvez. Mas é bom mudar o armário de vez em quando, para não ficar ultrapassada. E, apesar de tudo, guardar certas peças bem dobradinhas, no fundo da gaveta, com a esperança de, cedo ou tarde, voltarem à tendência.

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