segunda-feira, 20 de junho de 2011

Reflexões de um eu pós-moderno (parte I)

Picava cebolas para fazer o almoço. Chorava. Mas o choro não era por causa das cebolas ou qualquer irritação nos olhos. Era irritação, mas de outro tipo.
Por que não conseguia escapar de tudo aquilo? Precisava de ajuda. De um sequestro. Precisava que alguém fizesse por ela o que não conseguia fazer sozinha. Mas não podia ser qualquer alguém, tinha que ser um alguém específico. Deveria fugir com ela e ficar, sem largá-la em qualquer beira de estrada quando o primeiro quebra-molas aparecesse. Pensando mais a fundo, chegou à conclusão que cedo ou tarde ficaria sozinha. Tinha que jogar as muletas para o alto, só assim descobriria o potencial de suas próprias pernas. Não podia esperar mais. Esperar só atrasaria o inevitável. Uns diziam que era crise psicológica, da pós-modernidade. Honestamente, a classificação era o de menos. 

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